terça-feira, 24 de abril de 2007

Aula do dia 25/4 Convergência Multimidia

1. O que é convergência – Convergência de mídias é o processo de integração, coordenação e combinação de mídias impressas, visuais, auditivas e interativas, num sistema chamado multimídia. A convergência digital apóia-se também no conceito de hipertexto, através do qual migramos de um meio para outro num processo que conduz à recombinação de conhecimentos e informações. A convergência é mais do que o uso integrado de novas tecnologias ou da fusão de empresas do ramo da comunicação, entretenimento e telecomunicações.

2. Breve história da convergência de mídias 1990 – surgem as primeiras referencias à expressão convergência de mídias; 1993 – os jornais norte-americanos começam a comprar emissoras de TV e vice versa visando formar consórcios ou conglomerados informativos; 1994/5 – jornais (Tampa Bay) começam a formar redações conjuntas. Hoje, os principais jornais da Europa e dos Estados Unidos já funcionam com redações integradas. No Brasil, o Globo é o que está mais avançado neste campo;

3. A convergência digital contemporânea tem sido marcada por altos e baixos na tecnologia e por uma sucessão de fracassos em matéria de demanda pelos consumidores:
a) Na tecnologia o problema é a largura de banda e os índices de compressão de sinais. O ideal para a o streaming vídeo na Web é uma banda que aceite 3 megabytes por segundo. Os sistemas mais rápidos disponíveis hoje pelo publico (ADSL – BrTurbo e similares) não passam de 600 megabytes. A Internet a cabo chega a 1,5 megabytes. Só a Internet via radio é que assegura os 3 megabytes. Os programas usados nos vários meios também não são compatíveis ainda. O Pagemaker e QuarkExpress usados na mídia impressa não são facilmente conversíveis para Web, enquanto o Dreamweaver não funciona para mídia impressa. O sistema de imagens também não são compatíveis entre e TV e o vídeo streaming.
b) Na demanda, o problema tem sido a insistência das empresas e usuários em tratar a web e a TV como mídias separadas para objetivos diferentes. Segundo a percepção corrente, a web ainda é basicamente para correio eletrônico e buscas enquanto a TV continua sendo fundamentalmente entretenimento e esporte. Como a tecnologia ainda não permite ter no monitor uma imagem igual a da TV, as pessoas não integraram as mídias. A situação tende a mudar com a introdução da TV Digital.

4. Convergência ou sinergia corporativa – As grandes empresas correram para a convergência achando que ela seria a solução para todos os problemas causados pela necessidade de cortar gastos. Por isto partiram para mega-fusões e incorporações bilionárias (caso Time/Warner/AOL). As organizações Globo aumentaram a interconexão entre os vários veículos de comunicação, embora ainda estejam longe da verdadeira convergência. O conceito de sinergia é mais adequado para tratar da fusão de empresas envolvidas com comunicação digital.

5. Obstáculos culturais à convergência multimídia –
a) A convivência entre profissionais de diferentes mídias nem sempre é fácil. Os jornalistas de jornais, por exemplo, tendem a ver os da TV como superficiais e os da radio como uma categoria inferior. Os da Web nem são considerados jornalistas.
b) Necessidade de treinamento e mudança de rotinas. Os repórteres de jornais deverão aprender a manejar câmeras de vídeo digital, editar fotos digitais e serem capazes de apresentar relatos orais. Já os da TV tem que aprender técnicas de redação, usar maquinas fotográficas digitais e contextualizar a informação;
c) A possibilidade de que a fascinação pela nova tecnologia acabe minimizando a importância que os profissionais darão à investigação jornalística, aos padrões éticos e de responsabilidade social em seu trabalho.

6. Como funciona a convergência jornalística – A Internet é o veículo de comunicação com maior potencial de convergência entre todos as mídias. Por isto quando se estuda a convergência, ela assume um papel preponderante, embora os demais veículos tenham também um papel a desempenhar. Para efeitos de trabalho veremos apenas a convergência jornalística na Internet. O grande desafio é a dosagem das informações e a ênfase noticiosa típica de cada veículo e como se fará a migração de uma mídia para outra em forma contínua;

7. Convergência jornalística – o que muda para o repórter –
a) O profissional deve trabalhar simultaneamente com texto, som, imagens e interatividade; é o profissional multimídia que muitos chamam de repórter abelha;
b) O profissional vai trabalhar para veículos diferentes logo deve entender como cada um deles funciona, quais as suas vantagens e desvantagens comparativas em termos de comunicabilidade da informação;
c) O profissional necessitará de uma habilitação multidisciplinar para poder lidar com o enfoque holístico dos fenômenos sociais, político e econômicos que ele cobrirá;
d) Este acúmulo de qualificações exigirá um treinamento especial, o que está levando muitos a afirmar que só um super-repórter poderá executar tantas tarefas. Profissionais que migraram de veículos como jornais para a informação multimídia online devem deixar para trás a cultura do meio de onde vieram. O ideal é criar equipes de profissionais oriundos de diferentes mídias ou sem experiência previa em nenhuma delas;
e) O repórter estará a maior parte do tempo fora da redação em contato com a comunidade, com os fatos ou processos e em comunicação permanente com seus chefes. Ele deve estar preocupado com a atualidade, contexto e troca de informações com outros repórteres. Não saberá o que vai ser usado;
f) Desaparece o fechamento de matérias, a informação é um fluxo continuo e o trabalho é feito em turnos;
g) As redações serão unificadas e surgirão algumas novas funções como: administrador do fluxo de informação (o que vai para onde e como), desenvolvedor de conteúdos (fará a adaptação das pautas para cada mídia), editor de notícias ( pesquisa os desdobramentos e links de cada reportagem) e o revisor da copia final (revisa a edição e conteúdos finais);

8. Desenvolvimento de conteúdos na convergência multimídia:
a) Cada tema deve ser avaliado em função de alguns itens adicionais às exigências jornalísticas usuais como relevância, atualidade, interesse, fidedignidade, dimensão relativa.
b) Alguns dos novos itens a serem avaliados são: personagens, narrativa, visualização, tipo de apelo que desperta no público, facilidades técnicas disponíveis. Esta coordenação visa orientar repórteres e editores no destaque das características especificas de cada veículo em matéria de comunicabilidade;
c) Desenvolvimento do enfoque regional e local. Levar em conta o micro-local para mídia impressa.

9. Possíveis padrões online – Ao produzir um conteúdo informativo online, o editor deve:
a) Analisar se o material é predominantemente visual, interpretativo, analítico, auditivo, narrativo ou interativo. Isto o ajudará a determinar com o material será apresentado. Mesmo que o apelo principal seja auditivo ou interativo, a natureza da web impõe que ele seja apresentado de forma textual para o usuário poder identificar a história;
b) Determinar a abrangência do material: se é local, que tipo de enfoques locais (se for adequado a mais de um local);
c) Eleger os cinco ou seis itens mais importantes do conteúdo e organizar as informações em torno a cada bloco de informação. Isto permitirá a leitura, audição, visualização ou navegação não lineares ( o leitor cria a ordem de leitura etc...);
d) Desenvolver uma estrutura de navegação ( mapa do site) para o usuário deslocar-se dentro do conteúdo em se perder e sem demasiados cliques;
e) Cada página web criada deve ter os elementos indispensáveis para orientação do usuário e também o máximo possível de ferramentas de interatividade;
f) Só depois disto é que começará a produção do texto, áudio, imagens ou processo interativo com os usuários. Quando não houver imagens disponíveis é possível simular a realidade através de animações em Flash ou outro programa de animação. A animação pode ser usada também na TV.

10. Novos formatos de narrativa – A multimídia informativa na Web terá o inédito desafio de incorporar o publico na narrativa jornalística. Nenhum outro meio de comunicação pode fazer isto com a profundidade e intensidade do chamado jornalismo online. Isto pode ser resumido nas seguintes características:
a. Narrativa não linear – o usuário estabelece como vai navegar pela matéria;
b. Autoria compartilhada – O autor não é o dono do conteúdo e sim o seu inspirador e supervisor;
c. Conteúdo em permanente evolução. Não há texto definitivo, por exemplo. Pode ser mudado a qualquer momento.
d. Teoricamente não há limitação de espaço, ao contrario das mídias impressa e áudio-visual, que possuem limitações físicas;
e. O público pode interagir com o autor, com os protagonistas e personagens, bem como entre si;
f. Noticiário lúdico – os jogos passam a fazer parte da informação; caso do jogo sobre o Iraque.

11. Jornalismo de imersão – É o próximo passo da multimídia, o usuário ganha o poder de simular sua participação em reportagens e eventos, usando recursos de 3D e animação interativa. Aumenta ainda mais o poder do usuário determinar não só o que e quando ele vai ver, mas principalmente como. A animação passará a ter uma importância inédita na informação jornalística.

12. Exemplos de convergência –
a) Caso da reportagem When Workers Die - http://www.nytimes.com/ref/national/WORK_INDEX.html , versão PBS http://www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/shows/workplace/ , versão CBC http://www.cbc.ca/fifth/pipes/index.html;
b) Los Amores – http://www.clarin.com/diario/2006/12/21/conexiones/amores_home.html
c) Blog Sudaquia URL: http://weblogs.clarin.com/sudaquia/
d) Becoming Human http://www.becominghuman.org/
e) Kilimadjaro http://www.altrec.com/features/crownofafrica/
f) Combinação de Flash e HTML (versões diferentes) http://www.360degrees.org/

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